quinta-feira, 18 de julho de 2013

Síndrome do Pavio Curto

TEI 

O nome é complicado mas a situação muitas vezes é rotineira, o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) é pouco conhecido entre os transtornos de impulso (tricotilomania -arrancam tufos de cabelo impulsivamente, cleptomania -furtam impulsivamente, independentemente do valor e amor patológico) porém muito estudado nos Estados Unidos.

O transtorno pode ser conceituado como o fracasso em resistir a impulsos agressivos. O grau de manifestação da agressividade é amplamente desproporcional  a qualquer provocação ou estressor psicossocial desencadeante. O que também chama atenção é que os episódios em nada tem a ver com o efeito de droga ou medicamento, claro que pessoas que abusam de drogas ou álcool se torna mais propício.


 O indivíduo pode relatar os episódios como “surtos” ou “ataques” onde agridem outras pessoas causando lesões corporais e danos materiais. Você conhece alguém com o pavio curto? Que perde o controle facilmente, briga, bate, quebra objetos e depois de arrepende? É preciso atenção pois essas pessoas (ou você que se identifica com a descrição) tem dificuldade com a raiva e isso pode ser um sinal do TEI.

As conseqüências advindas do mal são diversas: instabilidade familiar, exclusão familiar e escolar ,sensível piora do convívio cotidiano, perda do emprego, dificuldade nos relacionamentos interpessoais, problemas financeiros e hospitalizações decorrentes de lesões geradas em brigas ou acidentes.Apesar de não ser premeditado a pessoa acometida pelo transtorno costuma se arrepender, sentir vergonha e constrangida com o acontecido.

 

Sintomas
A duração das explosões geralmente são inferiores a 30 minutos, resultam em agressões com ou sem ferimento. Os episódios podem ocorrem seguidamente ou estão separados por semanas ou meses de comportamento não-agressivo.

 

Episódios agressivos podem ser precedidos ou acompanhados de:

Irritabilidade
Aumento da energia
Raiva
Pensamentos acelerados
Parestesias (formigamento)
Tremores
Taquicardia
Aperto no peito
Sensação de pressão na cabeça

Causas

A causa exata do Transtorno Explosiva Intermitente é desconhecida, mas é provável que seja causado por uma série de fatores ambientais e biológicos. A maioria das pessoas com este transtorno cresceram em famílias onde o comportamento explosivo e abuso verbal e físico eram comuns. Estar exposto a este tipo de violência em uma idade precoce torna mais provável que essas crianças apresentam esses mesmos traços à medida que amadurecem.
Pode se manifestar na infância, com o ápice ocorrendo em torno de 30 anos, vindo a declinar por volta dos 50 anos.


Genética. Pode haver um componente genético, fazendo com que a doença seja passada de pais para filhos.

Química cerebral. Pode haver diferenças na maneira como a serotonina, um importante mensageiro químico no cérebro, funciona em pessoas com Transtorno Explosivo Intermitente.

 

Há diferença de comportamento entre as pessoas irritadas, nervosas e portadores de TEI. É natural ficarmos irritados, ansiosos frente a uma situação cotidiana, por exemplo quando são fechados no trânsito, mas ficar irritado, perseguir o outro motorista, gritar, xingar é um comportamento característico de TEI.

 

Diagnóstico Diferencial
Um comportamento agressivo pode ocorrer no contexto de muitos outros transtornos mentais. Um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente deve ser considerado apenas depois que todos os demais transtornos associados com impulsos ou comportamentos agressivos foram descartados.


No Brasil o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas tem um ambulatório, são pioneiros no assunto, para estudar e auxiliar os portadores. O serviço visa colher dados para avaliar os impactos que esta patologia causa em nosso país.

 

TRATAMENTO GRATUITO
O tratamento gratuito para os portadores de TEI maiores de 18 anos, através do ambulatório PRO-AMITI – (PROGRAMA DO AMBULATÓRIO INTEGRADO DOS TRANSTONOS DO IMPULSO).

Os atendimentos ocorrem todas as quintas–feiras pela manhã, para os inscritos no programa.

PRO-AMITI - Serviço do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
R. Dr. Ovídio Pires de Campos, 785 - São Paulo - SP - Brasil - CEP 01060-970.
 11 2661-7805 - tei@souexplosivo.com.br
 
Diérlli Rengel

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Somos do Contra

10 RAZÕES DA PSICOLOGIA CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

1.adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico;
2. É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade;
3. A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem este ingresso, de modo a oferecer – lhe as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir essas condições para todos os adolescentes;
4. A adolescência é momento importante na construção de um projeto de vida adulta. Toda atuação da sociedade voltada para esta fase deve ser guiada pela perspectiva de orientação. Um projeto de vida não se constrói com segregação e, sim, pela orientação escolar e profissional ao longo da vida no sistema de educação e trabalho;
5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe responsabilização do adolescente que comete ato infracional com aplicação de medidas socioeducativas. O ECA não propõe impunidade. É adequado, do ponto de vista da Psicologia, uma sociedade buscar corrigir a conduta dos seus cidadãos a partir de uma perspectiva educacional, principalmente em se tratando de adolescentes;
6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência – ameaça, não previne, e punição não corrige;
7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e, conseqüentemente, nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão;
8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência;
9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade;
10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta.

domingo, 18 de setembro de 2011

Basta acreditar

                 Certa vez um turista estava passeando por algumas lojas de artigos artesanais na Índia. Resolveu entrar em uma loja que vendia tapetes, e ali viu os mais belos tapetes em exposição. Após algum tempo escolheu um lindo e grande tapete indiano. Mas, como iria transportar o mesmo até o hotel e depois até sua casa, que por sinal era em outro país distante? Ao fechar a compra o vendedor indiano lhe disse que apenas deixasse o endereço de sua casa em seu país que ele lhe enviaria o tapete, e só após ter recebido ele efetuaria o pagamento. O turista ficou um tanto confuso e disse ao vendedor indiano como é que ele poderia confiar e acreditar tanto numa pessoa que ele nunca havia visto antes? Como teria certeza de que ele lhe pagaria pelo tapete? O vendedor olhou bem nos olhos do turista e disse: Eu farei a minha parte, se você não fizer a sua, a minha consciência estará tranqüila.
                Em que você acredita? Apenas naquilo que lhe é palpável? No invisível? No ocultismo? Em um Deus criador? Ou em você mesmo? O físico Marcelo Gleiser em seu livro “Criação Imperfeita” diz que nós somos a consciência do universo. E o que viria a ser consciência? Bem, a definição não é tão simples quanto parece, mas podemos dizer que consciência é uma qualidade da mente. Ou, seguindo uma definição de Steven Pinker, psicólogo e lingüista canadense da Universidade de Harvard, é uma função mental de perscrutar, indagar, investigar, averiguar minuciosamente o mundo.
                À parte a todas essas afirmações o certo é que precisamos acreditar em alguma coisa. A crença é uma questão de sobrevivência. Uma crença positiva, que impulsiona o indivíduo a desempenhar grandes realizações, é essencial a esses desempenhos. Crer em algo nos move e nos faz viver. Somos desafiados a cada dia a vencer obstáculos, alcançar objetivos, mostrar aos outros que somos bons, capazes, inteligentes. Como diz o slogan da Petrobrás, “o desafio é a nossa energia.” Mas, existe uma questão que faz toda a diferença. Querendo ou não, nós somos guiados por aquilo em que acreditamos. E mais, precisamos ter como referência algo que consideramos como um exemplo a ser seguido. Algo que seja maior do que nós, mais forte. Então podemos voltar ao segundo parágrafo para dizer que nossa mente nos leva a acreditar quem sabe no Big Bang, grande, explosivo, extraordinário, de onde surgiu a vida neste vasto universo. Ou quem sabe no mundo invisível, somos vistos e ajudados por espíritos que vivem soltos por aí. Ou quem sabe em um Deus criador, em quem acreditamos sem nunca ao menos O termos visto.
                Mas a verdade e a inquietação humana são uma só. Queremos acreditar naquilo que nos levará a um lugar melhor, a uma vida melhor. E essa inquietação vem de dentro, do nosso coração. Às vezes, no fim da vida, pessoas percebem com imensa tristeza que passaram a vida inteira acreditando em algo vazio, fútil, incerto. E ao perceber a morte se aproximando, se desesperam por não saber o que os aguarda além dos portais do túmulo. Onde estão hoje todos os heróis do passado? Os grandes reis, generais, poetas, monges, princesas, sábios. O futuro é um só para todos, independente do que queiramos acreditar ou não. A poetisa Helena Kolody tem certeza do que a espera  quando diz em seu poema “Ressureição”, “esse corpo que levas como um fardo, ressurgirá na plenitude da beleza para a vida perfeita, e se erguerá da cinza do tempo, como existiu no pensamento de Deus, desde toda a eternidade.”
  

Lincoln Alfier

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Nobreza Patológica – Codependência

Nobreza Patológica – Codependência
A Codependência não se relaciona apenas aos familiares de dependentes químicos como antigamente, hoje se estende ao jogo patológico, alcoolismo e problemas de personalidade. Todos nós somos codependentes em maior ou menor grau, mas existem algumas pessoas que de maneira heróica, suportam o comportamento problemático do outro como se fossem condenados a isso, ou como se essa fosse a sua “cruz”, pois acreditam ser responsáveis pelas necessidades dos outros.
Os codependentes são normalmente os familiares, esposa, namorada, companheiro de trabalho etc , que vivem para a pessoa problemática e na maior parte do tempo esquecem de cuidar de sua própria vida e acabam se auto-anulando, quando na verdade estão diante de  problemas que são seus. O sentimento que eles tem são de estarem sendo úteis, quando o que fica evidente é a baixa auto –estima e sentimento de culpa. Não suportam lidar com a idéia de que o outro não precisa dele para viver.
A Codependência se manifesta de duas maneiras: um “intrometimento” em todas as áreas da vida da pessoa problemática,horário de tomar banho, jeito de se vestir,ou seja, tudo que diz respeito a vida do outro. Em segundo lugar ela assume as responsabilidades do outro, tornando o problemático ainda mais isento de responder por seus atos. Essa relação patológica compromete a relação com as outras pessoas e com o passar do tempo ele acredita que ninguém apoia a pessoa problema como ele e que ambos são incompreendidos.
Seria um comportamento nobre ajudar o que sofre, mas quando quem ajuda esquece de si mesmo e se entrega para o outro, ai sim estamos frente a Codependência. Alguns exemplos de comportamento e sentimentos codependentes:
·         Cuidar mais do outro do que de si mesmo,
·         Ter dificuldade de dizer não ( ser sempre o bonzinho da história)
·         Sentir que o outro não reconhece o que se faz por ele
·         Ter medo de ser abandonado ou rejeitado
·         Controlar o comportamento das pessoas
·         Interromper os afazeres do dia para ajudar o outro
Essa “nobreza” pode ser um desencadeante para a depressão, suicídio e outros transtornos. O tratamento pode ser feito com terapia e em alguns casos com o uso de antidepressivos e ansiolíticos.
 Existem grupos de auto ajuda como é o caso do Alanom e Codependentes Anônimos.
Sejamos conscientes para vivermos nossas vidas sem  atribuir ao outro a responsabilidade de nos fazer feliz, mas reconheçamos também que precisamos do outro nesse complexo processo de realização própria. Seja feliz, procure sempre que necessário ajuda psicológica.


domingo, 11 de setembro de 2011

Meu jeito de ser? Distimia

MEU JEITO DE SER?
Encontrar pessoas mal humoradas parece muito normal atualmente, porém quando convivemos com pessoas, ou nós mesmos, com um permanente mal humor devemos nos perguntar : será esse o meu jeito de ser?
A Distimia, como é conhecido cientificamente o mal humor, é um transtorno depressivo do humor e de natureza crônica, porém não tem sintomas graves o suficiente para ser diagnosticada como Depressão Maior. É considerada como um transtorno, uma depressão de baixa intensidade, porém duradoura e flutuante.     
A queixa mais comum entre os distímicos é falta de alegria de viver, acabam considerando muito mais os aspectos negativos e os positivos passam despercebidos. São vistos pelos outros como pessoas amargas, irônicas ou mesmo implicantes, porém a própria pessoa manifesta preocupação com sua inadequação social e os sintomas freqüentemente incomodam ao próprio paciente. Costumam ser rígidos, queixosos, insatisfeitos com a vida, tem alteração no sono e apetite, a despeito disso relutam em procurar ajuda psiquiátrica e acabam por procurar outras especialidades médicas com queixas diversas como fadiga, letargia etc. Essa busca faz com que o paciente e as pessoas ao seu redor sofram, pois os sintomas físicos surgem e acabam  realizando inúmeros exames desnecessários.Quando os pacientes sofreram desde a infância eles tendem a acreditar que esse é o seu jeito de ser e que seu humor é natural, faz parte dele.
A causa da Distimia não foi claramente definida, mas sabe-se que esta relacionada com alterações nos sistemas neuroendócrinos e com questões multifatoriais, destacando-se a hereditariedade, temperamento, estressores vivenciais.
Há grande taxa de comorbidades com outras doenças psiquiátricas o que denota a importância do diagnóstico para o manejo das demais psicopatologias comórbidas.
A Terapia Cognitiva Comportamental tem sido uma aliada fundamental e muito eficaz no tratamento, associada com o medicamento, permitindo ao paciente um reconhecimento da causa e permitindo uma resposta emocional mais adequada. É claro que não devemos desconsiderar sua natureza crônica e mesmo com a medicação há possibilidade desse perfil voltar, por isso a terapia deve sempre estar associada para que o paciente tenha mais recursos internos e sua atitude emocional não seja patológica.
Diérlli Rengel
Psicóloga Clínica