domingo, 18 de setembro de 2011

Basta acreditar

                 Certa vez um turista estava passeando por algumas lojas de artigos artesanais na Índia. Resolveu entrar em uma loja que vendia tapetes, e ali viu os mais belos tapetes em exposição. Após algum tempo escolheu um lindo e grande tapete indiano. Mas, como iria transportar o mesmo até o hotel e depois até sua casa, que por sinal era em outro país distante? Ao fechar a compra o vendedor indiano lhe disse que apenas deixasse o endereço de sua casa em seu país que ele lhe enviaria o tapete, e só após ter recebido ele efetuaria o pagamento. O turista ficou um tanto confuso e disse ao vendedor indiano como é que ele poderia confiar e acreditar tanto numa pessoa que ele nunca havia visto antes? Como teria certeza de que ele lhe pagaria pelo tapete? O vendedor olhou bem nos olhos do turista e disse: Eu farei a minha parte, se você não fizer a sua, a minha consciência estará tranqüila.
                Em que você acredita? Apenas naquilo que lhe é palpável? No invisível? No ocultismo? Em um Deus criador? Ou em você mesmo? O físico Marcelo Gleiser em seu livro “Criação Imperfeita” diz que nós somos a consciência do universo. E o que viria a ser consciência? Bem, a definição não é tão simples quanto parece, mas podemos dizer que consciência é uma qualidade da mente. Ou, seguindo uma definição de Steven Pinker, psicólogo e lingüista canadense da Universidade de Harvard, é uma função mental de perscrutar, indagar, investigar, averiguar minuciosamente o mundo.
                À parte a todas essas afirmações o certo é que precisamos acreditar em alguma coisa. A crença é uma questão de sobrevivência. Uma crença positiva, que impulsiona o indivíduo a desempenhar grandes realizações, é essencial a esses desempenhos. Crer em algo nos move e nos faz viver. Somos desafiados a cada dia a vencer obstáculos, alcançar objetivos, mostrar aos outros que somos bons, capazes, inteligentes. Como diz o slogan da Petrobrás, “o desafio é a nossa energia.” Mas, existe uma questão que faz toda a diferença. Querendo ou não, nós somos guiados por aquilo em que acreditamos. E mais, precisamos ter como referência algo que consideramos como um exemplo a ser seguido. Algo que seja maior do que nós, mais forte. Então podemos voltar ao segundo parágrafo para dizer que nossa mente nos leva a acreditar quem sabe no Big Bang, grande, explosivo, extraordinário, de onde surgiu a vida neste vasto universo. Ou quem sabe no mundo invisível, somos vistos e ajudados por espíritos que vivem soltos por aí. Ou quem sabe em um Deus criador, em quem acreditamos sem nunca ao menos O termos visto.
                Mas a verdade e a inquietação humana são uma só. Queremos acreditar naquilo que nos levará a um lugar melhor, a uma vida melhor. E essa inquietação vem de dentro, do nosso coração. Às vezes, no fim da vida, pessoas percebem com imensa tristeza que passaram a vida inteira acreditando em algo vazio, fútil, incerto. E ao perceber a morte se aproximando, se desesperam por não saber o que os aguarda além dos portais do túmulo. Onde estão hoje todos os heróis do passado? Os grandes reis, generais, poetas, monges, princesas, sábios. O futuro é um só para todos, independente do que queiramos acreditar ou não. A poetisa Helena Kolody tem certeza do que a espera  quando diz em seu poema “Ressureição”, “esse corpo que levas como um fardo, ressurgirá na plenitude da beleza para a vida perfeita, e se erguerá da cinza do tempo, como existiu no pensamento de Deus, desde toda a eternidade.”
  

Lincoln Alfier

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